segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Da hora a vida: Fila, livros caros, fila, gente.


Foto: Guilherme Fernandes.
  A Bienal do Livro foi, em termos gerais, e em minha modesta opinião, inútil. Esse é o sentimento que eu tive quando pegava a 45ª fila e enfrentava uma multidão desesperada para ir embora do lugar. Se fossemos até lá pra cobrir o evento, não havia muito o que dizer, a não ser a ilustre e grata presença de Ziraldo. Se fossemos pra comprar livros, ou HQs, menos ainda. Além da dificuldade nível "hard" pra entrar nos estandes das principais editoras, os livros também tinham preços que, se não eram os mesmos que estavam nas lojas ou on line, eram pouca coisa mais caro, ou mais barato. Realmente não valia a pena. 

  Eu poderia tirar um texto inteiro pra falar do estande da Panini, que estava ridiculamente cheio!! Mas não quero lembrar mais nenhum segundo da quantidade de coisas ruins que nos aconteceram, e lá foi a pior. Achei as maravilhosas edições de Sandman... Por R$ 125, 00!!!! Vá se foder. Meu dia começou a acabar nessa hora.

  Depois disso, parece que eu já não pertencia aquele lugar. Dor de cabeça, fome, o ciático latejando e dizendo: "Você está forçando a amizade, companheiro. Bora."
Foto: Caio Terciotti.

Foto: Caio Terciotti
  O lugar até que era organizado. Foi fácil pegar o ônibus pra chegar lá, apesar da fila enorme. Foi fácil entrar também, apesar da quantidade de gente. E haja gente "sem noção" nesse mundo. A falta de educação e egoísmo, que não sei se é mal do ser humano, do brasileiro ou do paulista (paulistano), era um atrativo a mais no bolo de merda. Não se andava dentro do pavilhão... Se era arrastado. Arremessado. Chutado. Socado. Cotovelado. aliciado e mandado aos infernos. "O povo unido, é gente pra caralho", comentou Guilherme.

  "Então vamos comer". Esse era, afinal, o intuito do MB estar na Bienal, comida? Com uma praça de alimentação relativamente bem equipada, com os principais restaurantes de shopping, nada ali parecia apetitoso, interessante ou barato (digo: preço justo). E olha que até chopp tinha. Mas se for pra tomar Devassa e afins, é melhor logo chutar o balde e tomar whisky com energético, e defender o Aécio.
Foto: Caio Terciotti

  A comida estava cara demais também. Foi muita falta de vergonha uma pizzariazinha que tinha lá, cobrar R$18,00 numa brotinho feita de "Massa Leve". Vá se foder! Meu dia fica cada vez pior. Mas no final, comemos uma porção de fritas no cone, com coca. Aquilo não era o suficiente.

Foto: Caio Terciotti
  Fomos embora... No estacionamento, notamos uma fila a uns 8 metros de nós. Olhando com mais atenção, reparamos que aquele trecho não era nem metade dela. Que se formou com um acumulado de trocentas pessoas numa extensão de mais ou menos 600 ou 700 metros. Nossa! Aquilo era uma fila. E que fila!  E quantos ônibus! Chegava um atrás do outro, graças a Deus, todos saiam com os assentos ocupados, mas ninguém em pé. Eram fretados.

  Depois de uns 25 minutos na quilométrica fila, chegamos no ônibus, que ia pro metrô Tiete, ao invés de ir pra Barra Funda, nossa estação de origem. Tudo bem, antes a linha azul que a vermelha. Poderíamos descer no Santa Cruz e comer algo antes de voltar pra casa. Mas ao chegar no metrô... Adivinhem... Fila. Delícia. Uma fila enorme. Grande! Estupenda! Espetacular! Estupefaça! Magnânima! Diva! Poderosa! "Imagine as pessoa tudo".

Foto Caio Terciotti

  Esse foi o último e derradeiro vestível de tristeza que me restou. Depois, a endorfina produzida pelo excesso de dor nas pernas, e pelo acalanto de uma batata recheada de camarão (devidamente assaltada pelo Sr. Guilherme "bicho grilo" Fernandes) e uma larger gelada, me levaram aos céus.

Por Caio Terciotti - Eu ainda sonho com as filas... Eu as vejo. 
                              - Com que frequência?
                              - Vá se foder.

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