sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Parabéns, Tolkien!

Hoje, J. R. R. Tolkien estaria completando 122 anos. O autor, nascido em Bloemfontein na Africa do Sul em 1892, é mundialmente conhecido por suas obras máximas “O Hobbit” (1930) e a trilogia “O Senhor dos Anéis” (1949). É assustador escrever sobre ele. Com uma obra vastíssima, era um linguista de grande renome, professor em Oxford, e um dos maiores intelectuais do século XX. Fazia parte de um grupo de escritores, junto com C. S. Lewis (“As Crônicas de Nárnia”), que se dedicavam ao gênero de fantasia.  Além disso, existe uma legião de fãs, muitas vezes exagerados, que defendem sua criação, lutando junto com seu filho e executor de sua obra Christopher Tolkien. Daí o quão difícil é a tarefa de escrever algo sobre o autor Por isso, algo simples está de bom tamanho para oferecer a quem não conhece a oportunidade de admirar um escritor de tal envergadura.

Os romances, contos, poemas, canções, mapas, enfim, toda a obra envolvendo a Terra Média, está parcialmente publicada (com muita coisa ainda pra se organizar), a maioria de forma póstuma graças ao árduo trabalho de seu filho Christopher. O herdeiro do autor inglês fez um dos maiores trabalhos de organização de textos já vistos, cuidando de um gigantesco espólio que estava completamente desorganizado em caixas na casa da família. A grande vantagem de Christopher foi ter sido cúmplice do seu pai enquanto o mesmo escrevia sua obra, e ainda o ajudava na tarefa de criação de centenas de nomes para recheá-la. Desse esforço deu-se a publicação (póstuma) do épico O Silmarillion, no qual Tolkien expõe o principio da Terra Média a partir das canções de Ilúvatar e dos Valar, e do nascimento dos dois povos herdeiros desse mundo, elfos e homens. Também narra o surgimento das forças das trevas com o desgarro de Melkor, um dos Valar, que queria criar uma própria canção diferente daquela proferida pelo senhor Ilúvatar.  Os primeiros elfos conhecidos, como Galadriel e até Elrond, também estão presentes; bem como o surgimento de Sauron, um dos Maiar de Aulë que trai seu povo, e segue Morgoth (outro nome de Melkor); a bela estória sobre a criação dos anões; e outras tantas mitologias desse mundo.

É, sobretudo, uma espécie de “gênesis” da Terra Média, tendo sido escrito de maneira semelhante à Bíblia. E só para deixar o texto mais polêmico, em uma entrevista na década de 60, o próprio Tolkien se diz “católico romano devoto”, e ainda fazia parte do grupo de escritores supracitado que muito se inspiravam na tradição religiosa. Bastam ver a obra de Lewis, seu amigo, e entender as metáforas bíblicas presentes.

Quando comecei a ler O Silmarillion achei que minha cabeça fosse explodir, tamanha a complexidade da escrita e quantidade de nomes que aparecem ali. Muitas vezes até esquecia que estava lidando com o mesmo mundo que havia conhecido com a ajuda de Gandalf, Bilbo, Frodo e a “Sociedade do Anel”. Existem tantas histórias que envolvem cada um dos Valar, Maiar, Eldar, que me perdia tentando entender em que Era estava e onde havia parado a Luz eterna que não sei quem criou, e que as trevas de Ungoliant (um espírito maléfico em forma de aranha) e Melkor haviam destruído. Mas ler esse livro, foi como ler algo do Saramago. Depois que se acostuma com a forma da escrita, a narrativa ganha ritmo e fica ainda mais interessante. E foi nesse momento que entendi por completo a genialidade e criatividade de Tolkien. Não só pelos nomes, ou pela quantidade de seres que ele criou, mas pelo enredo, que lá na frente – apesar de ter certas discrepâncias com as estórias de “O Senhor dos Anéis”, corrigidas sabiamente por Christopher – vão se encaixar com o resto de sua obra. A impressão é que o autor escrevia incessantemente e que sua mente estava sempre nesse mundo, nas Silmarils; nos Eldar; na criação das estrelas e sua luz; nos Hobbits, que na mesma entrevista já citada, o autor os compara com os ingleses, e diz que são uma alusão as pessoas “pequenas” que enfrentam situações quase impossíveis.

Sua obra não é uma criação para pessoas que estão desconectadas com o mundo a sua volta, ou uma leitura que deve ser apropriada só por nerds. A Terra Média é o nosso mundo por outra imaginação, e suas estórias foram escritas para qualquer um apreciar e valorizar como qualquer outro livro.  Por isso, deixo meus parabéns e eterno agradecimento a J. R. R. Tolkien.

Por Caio Terciotti .

2 comentários:

  1. Parabéns querido Tolkien *o*
    Amei, esse post renovou a minha coragem de voltar a ler O Silmarillion \o

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    1. Opa!! Tinha que renovar sua coragem e fé... Porque olha... Não é fácil! kkkkkk

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