Provavelmente
a única forma de continuar com essa ideia é entender sua burrice, e
aceitá-la acima de tudo. Veja, desde que eu tive uma conversa entre amigos e
família após uma aula de História Contemporânea, uma analogia
que, a meu cérebro pareceu obvia, não me deixa em paz. A relação
de um ponto específico na obra de J.
R. R. Tolkien (O
Senhor dos Anéis e O
Hobbit), com a Revolução
Industrial, e principalmente, um possível sentimento bucólico inglês quando
esse processo de maquino fatura já estava espalhado pela Europa.
Breve
parecer a cerca do processo industrial:
A
terra da Rainha,
de Sherlock Holmes
e do One Direction, foi um Império gigantesco
no Século XIX, e isso graças ao processo industrial ao qual o país
figurou como pioneiro. Os Britânicos desenvolveram grandes centros
de produção, principalmente têxtil, e criaram umas das maiores
malhas ferroviárias da época. O trem era fundamental nesse contexto
industrial; era ele o responsável por fazer funcionar a grande
geringonça que era essa sociedade. Por meio dele, escoavam-se
produtos para os portos, e pessoas para diversas partes do país.
Entretanto,
uma espiadinha sobre alguns parâmetros na rotina inglesa faz-nos crer
que este homem cordial já estava saturado, mesmo durante o processo
de industrialização desses maquinários. Se tomarmos como base
aqueles belíssimos jardins parisienses e florentinos - todos bem
cuidados e sob um tremendo controle do homem, quase que podados por Edward
Mãos de Tesoura -, é
abrupta a diferença em relação aos jardins ingleses que não
tinham controle sobre o que se plantar, e não se preocupavam em
tipos de poda que deixassem a vegetação com aspecto artificial. Os
jardins ingleses eram guiados única e exclusivamente pela natureza.
Bem,
o que pretendo chamar a atenção é para preocupação do autor (Tolkien) em descrever o Condado e seus
moradores. Basta ler o primeiro parágrafo de O
Hobbit, com as diversas
descrições do Condado e de outras paisagens naturais em toda a obra
referentes à Terra Média, para entender: este é o momento de valorização da vida
campesina.
Por
outro lado, os verdadeiros vilões desse mundo estão começando uma
grande manifestação industrial para confecção de armas de guerra
e de monstros que servirão como soldados. Na loucura de coisas acontecendo (Frodo e Sam levando o anel para destruição; Gandalf
voltando dos mortos bem branquinho, sem poeira; Aragorn deprê, etc), Saruman
está destruindo florestas em nome de um ser maligno chamado Sauron.
Vejo
na obra o processo industrial inglês do Século XIX: Indústria,
cidades, seres violentamente modificados e desmatamento... Essa busca por
um sentimento bucólico por parte dos britânicos é quase árcade. A
sociedade sente na pele o sufocamento provocado por viver em centros
sem beleza estética como Manchester e Liverpool, enquanto caem na
mandíbula feroz do industrialismo.
O
Condado pode ser a representação do lugar comum para seres humanos,
onde a paz é permanente e o aconchego é valorizado no lugar do caos, do poder e da cobiça.
Peter
Jackson, o neozelandês
diretor das trilogias O
Senhor dos Anéis e O
Hobbit, soube entender
muito bem o sentido de valorização da natureza que o escritor
imprimiu em sua apoteótica obra. Mesmo sendo dono da
maior empresa de computação gráfica, a Weta
Digital – responsável
por grandes bilheterias como Avatar,
Planeta dos Macacos: A
Origem e os próprios
filmes de Jackson
– o diretor optou por muitas cenas externas nos 6 filmes, para se
apropriar com o máximo de dignidade da beleza natural de seu país.
Hoje a Nova Zelândia é um reduto para fãs de Gandalf e Cia., tendo
inclusive todo o cenário do Condado intocável e recebendo milhares
e milhares de visitas desde que foi inaugurado como atração
turística.
Essa
foi uma das várias possíveis interpretações da obra de Tolkien.
Sua extensa criação literária é palco de debates acalorados nos
mais variados círculos. Mas eu me aventurei nesse pequeno parecer,
contrariando os sábios conselhos de Bilbo:
Afinal
“eu não sei de ninguém a
oeste de Bri que tenha interesse em aventuras”.
(Bilbo
Baggins, “The
Hobbit: An Unexpected Journey. Dir.:
Peter Jackson. 2012.”
Claro que essa interpretação sobre a amálgama sociedade inglesa, é de um total ignorante que nunca pisou em solos do Reino Unido. Por favor, dê licença para minha imaginação. Se te incomoda esse conceito, trate esse texto como ficção científica.
Caio
Terciotti.
Cara... sempre senti a mesma coisa ao ler Tolkien. Muitas pessoas reclamam das descrições exacerbadas da natureza que o autor imprime em sua obra, mas acho que isso é justamente a melhor parte...
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