quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Boleiragem Burra - Bom Senso F.C.

Por Guilherme Fernandes

Pode isso, Arnaldo?

Bom, por ser o Maneira Burra um blog que tem como temática os papos de botequim, estava faltando falar sobre futebol nesse espaço. 

Muitas pessoas costumam torcer o nariz para as discussões acerca do esporte bretão, por conta da política do Pão-e-Circo que é gerada sobre ele. Nem quero entrar nesses méritos, mas o fato é que o futebol é sem dúvida um elemento intrínseco da nossa cultura, e por isso é assunto onipresente nas mesas de bar por aí.

Além disso, como sugere o nome do Blog, não existe aqui a pretensão de se postar artigos de alto nível intelectual. A intenção é sempre manter o clima descontraído e informal.

Enfim: O assunto da vez no Mundo da Bola é o Bom Senso F.C.

Em suma, o Bom Senso F.C é um movimento criado por jogadores de futebol, liderado por atletas como Seedorf (Botafogo), Juninho Pernambucano (Vasco da Gama) e Paulo André (Corinthians), e que conta com mais de mil adeptos. Entre as reivindicações estão o fair play financeiro, que prevê perda de pontos e rebaixamento dos clubes que atrasam salários dos jogadores, e mudanças no calendário.

Alguns jogadores já admitem a probabilidade de uma greve geral no Brasileirão.

Tais reivindicações trazem à tona uma velha discussão no futebol brasileiro: o Calendário desleal do esporte no país. 

Pra começo de conversa, o Brasil é o único país com Campeonatos Estaduais. São campeonatos extensos e cansativos. Chegam até a ser enfadonhos, hoje em dia. No caso do Campeonato Paulista, além dos quatro grandes - Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo - ainda têm alguns times do interior que surpreendem vez ou outra. Agora, e nos casos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, estados em que as finais são praticamente sempre iguais? 

Claro que não dá pra cogitar o fim dos estaduais, afinal, isso significaria o fim das equipes do interior, que já enfrentam sérias dificuldades por conta da Lei Pelé e da elitização do futebol brasileiro (é só lembrar dos casos recentes do Santo André e do Guarani, que montaram times competitivos, tiveram bons desempenhos no Paulistão e logo sofreram desmanches, perdendo os principais jogadores para os times grandes e consequentemente sendo rebaixados campeonato após campeonato).

O problema é que o excesso de campeonatos disputados quase que simultaneamente gera um inchaço no calendário, e os times são obrigados a abdicar da disputa de um título em detrimento de outro. Em 2012, por exemplo, o Palmeiras, campeão da Copa do Brasil, após deixar o início do Brasileirão em segundo plano, não conseguiu recuperar os pontos perdidos e o resultado foi o rebaixamento à segunda divisão. Nesse mesmo ano, o Corinthians, campeão da Libertadores da América, também poupou os principais jogadores das primeiras rodasdas do Brasileirão, e também passou várias rodadas na zona do rebaixamento, o que impediu o time de disputar o título. 

Como resolver o problema do calendário do futebol brasileiro? É difícil pensar em uma solução. Mas uma mudança nesse sentido é realmente necessária. Os campeonatos têm de ser repensados, sobretudo os estaduais, que sofrem alterações bizarras em seus regulamentos constantemente, mas nunca têm seus problemas solucionados.


Em tempo: Total apoio ao Bom Senso F.C. Não é porque recebem salários altíssimos que não devem brigar por melhores condições de trabalho. Quem ganha com isso é o nosso futebol! Não queremos mais que ver nossos times tendo que jogar com equipes mistas para poupar jogadores. Se esse problema for solucionado, os campeonatos tendem a ficar mais emocionantes.
Um abraço aos que leram até o fim, e até a próxima!



PS: A quem possa interessar, uma entrevista do jogador do Corinthians, Paulo André, para a BBC Brasil, a respeito do movimento:



Guilherme Fernandes, Corintiano, Maloqueiro e Sofredor.

_Invadiu, fintou, limpou, bateu... Pra foooooora! Lâmpadas FLC, a marca brasileira da qualidade...

4 comentários:

  1. a historia do futebol brasileiro nasceu com os estaduais, com rivalidades regionais, coisas que em outros países não ocorreu do mesmo modo. O problema que o futebol financeiramente depende da Globo pra pagar seus jogadores coisas que num passado era feito apenas com pagamento de ingressos. Se reduzir os jogos a TV será a primeira a reclamar. Quase um contrato promíscuo, pena que os times de futebol não tem 22 jogadores de alto nível caso contrário imagine todos os clubes com 2 times competitivos para todos os campeonatos ?

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    1. Há quem defenda a extinção dos estaduais para que os times maiores fizessem amistosos internacionais no início de temporada. Seria até mais lucrativo para as emissoras, além dos clubes enquanto marcas terem uma exposição internacional. Mas não defendo a hipótese do fim dos estaduais, pois como falei, isso significaria o fim dos clubes do interior.

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  2. Esse problema tem vários pontos, e todos eles devem ser considerados. Como já foi dito, o Brasil é o único país com torneios estaduais realizados nesses moldes. Reduzir o número de jogos seria reduzir o tempo de atividade dos ditos "clubes pequenos". Vários são os casos de jogadores que ficam desempregados pelo fato das divisões de acesso não terem um calendário que dure o ano todo. Toda e qualquer discussão que o Bom Senso colocar, deve incluir também esses atletas.
    Reformular os estaduais pode significar uma perca de influência das Federações, e como o BSFC fará frente à isso? Recentemente, vimos uma evidência da força política das Federações na final da 3ª Divisão do Catarinense.
    Em suma, toda proposta de melhora é válida, mas não sei se uma reforma (que é o que aparenta ser o projeto do BSFC) vai dar um jeito na coisa toda. Aguardo respostas dos principais expoentes do movimento acerca dos mais de 90% dos jogadores (profissionais do esporte como todo) que não trabalham 12 meses por ano.

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    1. Nada como um cara que entenda bem do futebol interiorano pra colocar questões interessantes ao movimento . A primeira divisão do Paulista ano que vem terá um número reduzido de jogos, mas o novo regulamento é bizarro, pra dizer o mínimo. Vamos ver quais efeitos práticos essa redução de jogos terá.
      Talvez fosse interessante que todos os campeonatos se dessem durante toda a temporada, como era antigamente.
      Talvez os torneios interioranos devessem dar direito a vagas na Copa do Brasil. Talvez a criação de uma quinta divisão no Campeonato Brasileiro... As Federações deveriam encontrar uma solução para o Calendário.

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