sábado, 14 de dezembro de 2013

Top 15 - Covers melhores que as versões originais (Nacionais)

Por Guilherme Fernandes

Antes de fazer meu post sobre covers melhores que as versões originais, a ideia já era fazer posteriormente uma lista parecida contendo apenas covers nacionais. Mas dessa vez, não consegui relacionar apenas 10.

O que eu penso sobre um bom cover está devidamente expresso no post que eu linkei acima. Então já vou direto pra relação das músicas. Mas não custa lembrar que obviamente me baseei em questões pessoais para criar a lista. De qualquer forma, estou aberto a críticas, tanto construtivas quanto destrutivas.

Vamos ao que interessa:

15 - Raimundos - Aquela 
Original: Little Quail and the Mad Birds




"Toquei nela sem querer, ela gritou..."

Um dos vários hits do álbum Só no Forévis, a música Aquela, que tocou até em novela da Globo - aquela que tinha como protagonista um índio loiro (!!!) - é na verdade um cover, da banda Little Quail and the Mad Birds, antigo projeto de Gabriel Thomaz, hoje vocalista dos Autoramas. Pode-se dizer que o Gabriel Thomaz é um elemento muito ligado à história dos Raimundos, pois o primeiro show dos caras foi realizado na casa dele, além dele ter ajudado a escrever o hit I Saw you Saying.

Além da original, vale a pena ouvir também a versão gravada pelos próprios Autoramas em 2001, após o sucesso da música na voz dos Raimundos.

A original:


Versão dos Autoramas:



14 - Caetano Veloso - Sozinho
Original: Peninha


A versão de Caetano - que se tornou um clássico - por ter sido gravada apenas com voz e violão dá força ao sentimento de solidão expresso na letra do Peninha. E sem querer sacanear o cara, mas a versão original tem um daqueles instrumentais que lembram as músicas de Karaokê Raf Eletronics, sendo de difícil digestão.

Sente o drama (com esse "clipe" que fizeram usando fotos aleatórias e a letra sobreposta, tudo parece ainda mais cafona):



13 - Ira! - Bebendo vinho
Original: Wander Wildner


Embora a versão original seja muito boa, nela o Wander Wildner desafina em muitos momentos. Talvez tenha sido de propósito, para soar realmente embriagado. Já o cover feito pelo Ira! apresenta uma harmonização interessante entre os vocais do Nasi e do Edgard, além da guitarra nessa versão ter sido gravada com um Overdrive na medida certa, para encorpar a música sem fazê-la perder as características de balada.

A original:


12 - Paulo Miklos - Eu vou tirar você desse lugar
Original: Odair José


Essa música eu pensei bem antes de colocar. Afinal, uma coisa que eu pondero muito antes de considerar um cover melhor que a música original é o fato do cover tornar-se um clássico. Nesse caso, o status de clássico fica apenas com a versão do Odair José - goste você de música brega ou não, essa ode às prostitutas é sim um clássico da música brasileira. Porém, a releitura da canção pela voz de Paulo Miklos deu a ela um tom moderno, sem que se perdesse seu romantismo original. A banda Los Hermanos também regravou essa música, mas sem a mesma qualidade da versão do Titã. 

Obs: Não consigo assistir ao filme Uma Linda Mulher sem me lembrar da letra dessa música.

A original:



11 - O Surto - Tudo é possível
Original: Kiko Zambianchi



A banda cearense O Surto até emplacou alguns poucos hits entre o final dos anos 90 e o começo dos anos 2000. Mas o momento mais inspirado do quarteto não foi em suas músicas próprias, e sim neste cover: uma versão mais encorpada, com um riff mais marcante e uma batida mais cadenciada em relação à original do Kiko Zambianchi. Reza a lenda que a letra também foi escrita em homenagem a uma prostituta.

A original:



10 - Fernanda Takai - Você já me esqueceu
Original: Roberto Carlos



A música original, lançada pelo Roberto Carlos em 1972, é realmente muito boa. Mas a voz inigualável da vocalista do Pato Fu faz parecer que a canção foi composta para ser por ela interpretada. Na voz do "Rei", mesmo contando com arranjos mais rebuscados, é apenas mais uma música, que soa como várias outras em sua vasta obra.

A original:



09 - Capital Inicial - Primeiros Erros
Original: Kiko Zambianchi



Mais uma música do Kiko Zambianchi que é regravada e melhorada por outras pessoas. Isso endossa a ideia de que o Kiko é melhor compositor do que intérprete. De qualquer forma, ele próprio participa da versão do Capital Inicial para o Acústico MTV, de 2001. Aliás, essa versão foi uma das canções responsáveis pela reafirmação do Capital Inicial no cenário do Rock Nacional, tendo tocado exaustivamente nas rádios e na televisão depois da banda ter amargado um longo período de ostracismo.

A original:



08 - Cazuza - Vida Louca Vida
Original: Lobão



A original foi composta pelo Lobão e gravada por ele mesmo em 1987. No ano seguinte, Cazuza fez uma homenagem ao seu amigo durante um show da turnê Ideologia, cantando sua música, que ficou registrada no álbum ao vivo O tempo não pára - no qual a música de mesmo nome também teve seu único registro, assim como a própria Vida Louca Vida. 

Na voz de Cazuza, a letra dessa música ganhou um novo sentido, sobretudo no trecho "Vida louca vida, vida breve, Já que eu não posso te levar quero que você me leve", pois a essa altura o cantor já convivia com o vírus HIV. De fato, sua vida foi muito breve.

A original:



07 - O Rappa - Vapor Barato
Original: Gal Costa



Nesse caso, a melhora do cover em relação à música original é muito significativa. Aliás, a versão original é simplesmente horrível, com o perdão da falta de sutileza. Quem não conhece a versão d'O Rappa dificilmente conseguiria imaginar que se poderia aproveitar de alguma forma aquele desastre sonoro que é a versão gravada pela Gal Costa em 1971. A canção original é tão desajustada que faria inveja até ao problemático Rogério Skylab.

Caso tenha estômago, a original:



06 - Elis Regina - Como nossos Pais
Original: Belchior



Elis foi sem dúvida uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu, senão a maior - embora tenha cometido o crime cultural de assassinar o clássico Saudosa Maloca, de Adoniran Barbosa.

No caso de Como nossos Pais, Elis fez uma releitura simplesmente apoteótica da já excelente canção de Belchior, dando a ela uma emoção extra que jamais poderia ter sido alcançada pela voz de seu compositor.

Obs: Essa é uma daquelas músicas que muita gente canta errado. No caso, muitos costumavam (ou costumam) cantar: "É você que é MAL-PASSADO e que não vê que o novo sempre vem".

A original:



05 - Ira! - Teorema
Original: Legião Urbana




Embora a Legião Urbana tenha sido indubitavelmente uma das maiores bandas da história do Rock Brasileiro, seus músicos nunca foram exemplos de técnica. Os caras do Ira! buscaram manter a pegada original de Teorema, mas é perceptível a melhora na questão técnica, e o timbre da guitarra do Scandurra combinou mais com a música. Sem contar que, nessa versão, não há os backing vocals exagerados da música original, gravados pelo próprio Renato Russo (a pessoa gravar tanto a voz principal quanto a segunda voz em uma mesma música é um tanto quanto tosco, diga-se de passagem).  Claro, sem desmerecer a música original, longe de mim querer fazer isso. Mas o Ira! praticamente se apropriou da composição.

A original:



04 - Chico Science & Nação Zumbi - Maracatu  Atômico
Original: Jorge Mautner


Outro dia eu li em algum blog um Zé-Ruela afirmando que o momento de maior criatividade musical no Brasil, durante a década de 90, foi por parte dos finados Mamonas Assassinas. Fiquei me perguntando o que faz um cara que pensa tamanha groselha achar que tem propriedade para falar de música. Quer dizer, eu mesmo não tenho lá tanta propriedade assim, mas jamais falaria uma burrice tão grande quanto essa.

Sem querer desmerecer o talento individual dos caras, muito menos seu carisma inegável, mas essa década foi marcada, no que diz respeito à música, pela reinvenção do Rock Brasileiro. Bandas do período faziam sincretismos geniais entre o Rock n' Roll e elementos regionais, criando estilos totalmente originais. Um dos maiores exemplos é a banda Nação Zumbi, a principal entre as que integram o movimento chamado Mangue Beat.

Um dos maiores hits da Nação Zumbi é justamente esse cover excelente da música do Jorge Mautner. Além dos pernambucanos terem reinventado toda a estrutura da canção, não há nessa versão a voz extremamente desafinada de seu compositor.

O saudoso Chico Science & Cia se apropriaram da música de tal forma que, quando se fala em Maracatu Atômico, logo vêm à nossa mente o refrão que só existe nessa versão: "Anamauê, auêia, aê..."

A original:



03 - Raimundos - 20 e poucos anos
Original: Fábio Jr.



Quem me conhece pessoalmente, pode dizer que sou suspeito para falar dos Raimundos. Mas quem pode negar que 20 e poucos anos é um cover de excelência? 

Em 99, os Raimundos atingiram seu auge com o lançamento do álbum Só no Forévis, com produção do saudoso Tom Capone. A "cereja do bolo" da turnê mais bem-sucedida do quarteto viria em 2000, com o lançamento do álbum duplo MTV ao vivo, que trazia como faixa-bônus a versão de 20 e poucos anos - gravada para ser tema de abertura do seriado da MTV Brasil de mesmo nome -, além de Reggae do Manêro.

O resultado foi tão bom que 20 e poucos anos se tornou a música de trabalho da banda, tocando exaustivamente nas rádios e na própria MTV Brasil. Infelizmente marcou o fim da formação clássica da banda: Em 2001 o vocalista Rodolfo Abrantes disse em uma entrevista que a letra escrita por Fábio Jr. o fez refletir sobre sua vida e foi determinante em sua decisão de sair do grupo para cuidar de projetos pessoais - hoje em dia, os Raimundos seguem vivos na cena independente, enquanto Rodolfo se dedica a pregar o Evangelho.

Aos que viveram a época, essa é uma das músicas que causam um sentimento de nostalgia, de um tempo em que o Rock Brasileiro tinha espaço no mainstream.

A original:




02 - Cássia Eller - Por Enquanto
Original: Legião Urbana



Como já foi dito aqui, os músicos da Legião Urbana nunca foram um primor técnico, mas seu legado é importantíssimo para a nossa música.

No caso de Por Enquanto, gravado pela saudosa intérprete Cássia Eller em seu álbum acústico, a cantora emprestou sua voz inigualável que, aliada aos novos arranjos criados pelos músicos que a acompanharam, nos presenteou com essa belíssima versão. 

E, diga-se de passagem, um detalhe muito importante nesse cover: nada de bateria eletrônica


A original:


01 - Tim Maia - Como uma Onda
Original: Lulu Santos



Por trás desse cover, há uma história interessante:

Até a implantação do Plano Real, em 1994, o Brasil sofria com altos índices de inflação. No começo dos anos 90, a fabricante de chinelos Rider conseguiu aproveitar a queda do poder de compra dos brasileiros para popularizar sua marca.

A popularização repentina dos chinelos Rider se deve muito à campanha publicitária encabeçada por Washington Olivetto, com o Slogan "Dê férias aos seus pés". A grande sacada da campanha foi convidar diversos artistas a regravarem sucessos alheios.

Tim Maia, que só usava chinelos da marca, aceitou prontamente o convite para participar da campanha, e nos presenteou com essa versão excelente. O autor da música, Lulu Santos, gostou tanto da regravação que, ao ser convidado posteriormente a participar da campanha, fez questão de retribuir a homenagem e regravou o sucesso "O Descobridor dos Sete Mares".

Sobre o cover: Tim Maia é Tim Maia. E ponto final!

Desnecessário tecer comentários a respeito de qualquer música de sua vasta obra!

A original:



Menção honrosa:

Móveis Coloniais de Acaju - Alegria
Original: Cartola




Ninguém, repito, NINGUÉM seria capaz de superar o Mestre Cartola em alguma homenagem. Mas esse cover, feito pelos brasilienses Móveis Coloniais de Acaju, ficou muito bom e merece ser ouvido. Aliás, tudo o que é feito pela banda merece ser ouvido.

A música foi regravada para um projeto de covers chamado Adoro Couve, que traz versões de músicas como Psycho Killer, dos Talking Heads, e até mesmo Replay, do Trio Esperança, aquela que toca na hora do gol nos jogos de futebol transmitidos pela Rádio Jovem Pan: "É gol, que felicidade..."

A original, do Mestre:



Bom, é isso. Espero que tenham gostado (ou pelo menos lido até o final). Opinem, critiquem, xinguem o autor, ou façam comentários cretinos!

Guilherme Fernandes, corintiano, maloqueiro e sofredor.

_"Será que eu peguei pesado com a Gal Costa?"

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